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A mostrar mensagens de 2020

A Chegar

E assim, num ápice, chegámos ao fim do ano. De agosto aqui foi um instante lento. Desde o 5 de outubro que não saímos de Lisboa. Foi bom para estudar mas foi só para isso. Nesta quadra festiva, da qual gosto ainda mais de há dez anos para cá, muitos estão com o coração apertado, dorido, ferido. Os que perderam pessoas amadas, os que estão sem trabalho, os que perderam perspectivas e estão sem alento. Para todos eles, uma palavra de esperança, e a Fé de que não há mal que sempre dure. Para todos nós, que não mantenhamos distanciamento nos afetos, e que nunca nos esqueçamos de dizer aos que amamos o quão eles são importantes para nós.  Um Feliz e Santo Natal.

Deduções

 - Mamã, estou muito preocupada com os meus amigos que não se portam tão bem. Achas que vão receber presentes? - Talvez recebam só um... Quem se porta bem, recebe dois. Quem se porta muito bem, recebe três. - Então e quem se porta maga bem?...

Mulher Maravilha

 Estreou o filme da Mulher Maravilha. O Martim adora e quer ir ver. Ontem anunciaram uma entrevista com a actriz principal do filme logo no início do telejornal. O Martim ficou ali à espera e foi a última notícia de todas. Já eram até horas de se ir deitar. Quando acabou disse: - As mulheres demoram mesmo muito para se arranjar. Até a Mulher Maravilha!  

A magia do amor ou um Amor de magia

Num ano de nostalgias e cheio de pena de já saber que o Pai Natal não é exactamente o que ele pensava ser, veio a conversa...  - Nôno, tu acreditas em sereias? - De verdade? Não. - E em unicórnios? -Também não. - Então acreditas em quê? - Na magia. E tu? - Também acredito na magia. E no amor.

Amar

Amar é correr o maior de todos os riscos. É colocar a nossa vida e a nossa felicidade nas mãos de outrem. É aceitar a vulnerabilidade. É assim que nos amamos. Estes foram os nossos votos de casamento. No início de tudo, antes de sonharmos em ter filhos. Amar é tudo, é o melhor da vida. Mas faz muitas nódoas negras no coração. Penso sempre positivo, acho sempre que tudo vai correr bem. Que estamos sempre no sítio certo, à hora certa, a fazer o correto. Mesmo quando não parece. E nunca peço nada. Agradeço tudo o que tenho todos os dias. E desejo continuar a ter, por toda a minha vida, o que o dinheiro não compra. Mas não há como ficar indiferente à perda dos outros. Ainda que aconteça todos os dias, há perdas que nos recordam, a todos, que não devemos sair de casa sem dar um beijo. E nunca devemos adiar a partilha do muito que sentimos.

Calmante

  - Mãe, amanhã há escola? - Ainda não, porque é feriado. Dia de Nossa Senhora. - E vais rezar? - Se calhar, vou. - Eu não, é muito calmante.

25 de novembro

  Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. De todas as formas de violência. Ninguém tem de estar com ninguém. Ninguém é de ninguém. A vida passa depressa. Quem não quer bem não quer nada. E isso inclui não querer o mal. Já foram mortas 30 mulheres este ano. Se fosse eu, a minha mãe, a minha sogra, a minha cunhada, a minha filha, sobrinha e melhores amigas. Éramos menos do que estas trinta. São mesmo muitas. E já chega.

Caxegato

  O Martim adora camisolas polares, por serem macias e confortáveis. Dizia-nos: - Até parecem de caxemira! - A caxemira é mais cara. - respondia-lhe eu. - Se fosse caxegato era mais acessível.

This is us

Estreia hoje a 5ª temporada do This is us, na Fox Life.  Uma série de emoções. Das que nos faz rir, chorar e rever, no que partilham e sentem uns pelos outros. Uma grande família com as prioridades certas. Também acompanham?

Pompons da Ferrero

Esta altura do ano é deliciosa. Comida de tacho, castanhas assadas, um copo de vinho. Voltam também os chocolates do motorista Ambrósio. Comprámos uma caixinha de Ferrero Rocher. Quando eu era pequena colava os autocolantes brancos, que vêm no topo, nas unhas, para parecerem compridas. A Nôno comeu um e comentou: - Adoro estes pompons! - São bombons Nôno. - E são muito bons.

Condensação

  Uma prova de que a matéria de ciências está bem fresca. O Martim acaba de tomar banho e o WC está cheio de vapor. - Primeiro evaporou, agora condensou, não me digas que vais chover na casa de banho? Sim, porque isto é um ciclo!

Em Francês

  A Nôno fez um desenho lindo e completou com o seu nome e alguns números. Escreveu o 4 e o 5 várias vezes, mas uma das vezes o 5 ficou ao contrário (em espelho), o que ainda acontece pontualmente. Reparou no erro e rematou: - Este 5 fiz em francês!

Babybel

  O Martim adorava estes queijinhos, mas agora vêm quase sempre de volta na lancheira. - Já não gostas muito deles? - Mais ou menos... - Mas antes adoravas! - Deve ser da adolescência.

Iluminar

Há amigos simpáticos que me dizem que eu sou uma pessoa de luz, que sou luminosa. É muito bom ouvir isso pelo afago que trás. Mas eu não valorizo particularmente ter luz. Valorizo conseguir iluminar. Porque isso é que é tudo. Ainda assim, obrigada.

Carros elétricos

 Os carros elétricos não fazem barulho. Já não há só um ou dois. Não nos lembramos deles quando não os estamos a ver. Já não podemos dizer: Vem lá um carro, encosta-te! Numa destas manhãs, já na garagem, íamos sendo atropelados por um. Não que fosse depressa, nada disso! Nós é que íamos na conversa a caminho do carro e pensámos estar sozinhos na garagem. São mesmo silenciosos. Pregam grandes sustos. Vieram para ficar. E há que reforçar cuidados.

Amar ou adorar

  A Nôno comentou: - Eu amo este vídeo. O Martim retorquiu: - Nós amamos pessoas e adoramos coisas. E é verdade. 

A Sério

 A Nôno está a levar esta brincadeira da Lidl Shop tão a sério, que agora quando brincamos temos de usar máscara!...

Lidl Shop

Os supermercados fazem campanhas a toda a hora que fidelizem os clientes. Canecas, cadernetas, cartas, pirex, facas, livros, ou seja, coleções. Mas o Lidl fez há uns anos uma campanha com miniaturas de produtos, que está a repetir. Temos a loja, o dinheiro, o cartão multibanco, o cesto das compras e a máquina registadora (que faz o maior sucesso porque apita como se estivesse a ler o código de barras). O Martim acha piada, mas a Nôno adora. O problema Senhores do Lidl, é que ela diz que vai brincar com o Pingo Doce...

Covid

   Stay Away Covid é uma nova aplicação.  A aplicação móvel, lançada no dia 01 de setembro , permite rastrear, de forma rápida e anónima e através da proximidade física entre ' smartphones ', as redes de contágio por covid -19, informando os utilizadores que estiveram, nos últimos 14 dias, no mesmo espaço de alguém infetado com o novo coronavírus . A sua instalação é voluntária. Mais de 100 mil portugueses instalaram a aplicação errada para rastrear o novo coronavírus. Porquê? Há uma app de origem espanhola com um nome muito parecido com o da StayAway Covid. Porquê? Porque eu, que não me considero de todo infoexcluída, não consigo instalar esta mesma aplicação mo meu telefone, por ele ter cinco anos. Então quem são os voluntários que a podem instalar? Fica a questão.

Lado positivo

-  Martim vai lavar os dentes que estamos atrasados! - Pai tenta ver as coisas pelo lado positivo. - Eu estou a ver que são quase oito horas. - Esse não é o lado positivo!

Dama

  - Nôno, a nossa mãe é uma dama. - O que é isso? - Não te preocupes, um dia também vais ser.

Make

 A Nôno pintou os olhos com maquilhagem. Pintou muito. Parecia uma borboleta. Disse que era a gata lady. O Martim olhou para ela perplexo e disse-lhe: - Nôno, vai tirar essa Make!

Em agosto não deu

  Em agosto quase não deu para escrever. Entrámos de férias, com muito pouco de convencionais. Pintámos todas as janelas e portadas da casa do Coentral. Demos passeios, viajámos, fomos à praia e repetimos um destino, um dos favoritos. Estivemos com família e amigos. Fizemos petiscos. Comemorámos 20, VINTE anos de amor. Comprámos os livros e o material escolar. Começámos a pensar na roupa de inverno, porque pouca coisa ainda serve. Aos dois. Prevêem-se despesas, das que são boas na vida. Sonhamos com um retomar normal, do trabalho e da escola. Hoje foi o primeiro dia. Custa-me sempre voltar. Depois passa-me, mas ainda não passou. Estamos a concretizar sonhos e planos. A viver. Bom regresso para todos. Se forem como eu, preferiam borrar um pé todo a sentir o que sinto no primeiro dia. Mas vamos lá!

Portugal

Estamos a mudar de destino de férias, com aquele sabor de que tem passado depressa, mas também ainda falta. Então o Martim diz:  - Portugal é o melhor país do mundo! - A sério? interroga a Nôno - Sim. Sabes porquê? - Não. - Aqui há guerra? - Não. - Passamos fome? - Não. - Somos pobres? - Não. - Há  bom alojamento? - Sim. - É por isso. Portugal é o melhor país do mundo!

Mona Lisa

Sabes mãe, em Paris há um quadro que se chama Mona Lisa e foi pintado pelo Leonardo da Vinci. É impossível fazer outro igual, porque os dois já morreram. É uma obra prima. Eu até consigo desenhar um quase igual. O problema é pintar!

Carro

  Uma pessoa lava o carro, aspira, vem para casa toda contente com um carro imaculado. No dia a seguir, logo de manhã, chove. Vêm poeiras do Norte de África. No outro dia, ou seja hoje, os repuxos que deviam regar a relva acabam com o que ainda se salvava. E pronto. Estaca zero.

Cucos

O Martim anda muito dedicado às leituras e aprendeu uma expressão nova que adora. Agora diz imensas vezes: - A sério mãe, juro que não me estou a armar aos cucos!

Oceanário

Já fomos muitas vezes ao Oceanário. Mas nunca é demais. É sempre bom. Vale sempre a pena e eles sabem cada vez mais coisas sobre o mundo marinho. Este mês o preço compensa muito e as crianças já estão de férias. Fomos visitar o Peixe Palhaço e o Cirurgião Paleta, ou seja o Nemo e a Dori. O Pinguim de Magalhães. Ficámos a saber que as lontras têm 155000 pelos por centímetro quadrado. O Martim adora o peixe Lua e a Nôno o peixe Balão de pintas negras. Fica a sugestão.

Problema dos Peixes

  - Mãe, o principal problema dos peixes são os intestinos. - A sério? - Sim, eles comem tudo o que lhes aparece à frente e, como às vezes são porcarias, depois passam mal da barriga! Vamos lá cuidar dos mares.

Só Rosas

Enquanto tomava o pequeno almoço, a Nôno deixou cair o pão para o chão. O Martim foi buscar o aspirador e pediu-lhe para ter mais cuidado. Arguiu que a mãe se farta de limpar. Depois na viagem para a escola trocavam argumentos sobre um jogo. Ele explicou-lhe as regras novamente. E retorquiu: - Quando dá para mudar, mudas. Quando não dá, fica assim! Percebes que a vida não são só rosas?

Palha

Hoje fiz um peixe gratinado com legumes e batata palha. A Nôno sempre comeu tudo e com apetite mas agora está a mudar. É mais seletiva, come o que lhe dão mas não gosta de tudo. Enrola e come menos. Hoje foi um desses dias. Cá em casa não há discos pedidos. Quando gostam mais comem mais. Quando gostam menos comem menos. Mas ninguém come obrigado e quando não querem mais não há stress. Face à sua cara, perguntei: - Não queres mais? - Não! Eu não gosto de palha... Eu também não.

Férias grandes

O Martim está no 4º ano, o fim da primária. Desde a Páscoa que as aulas são em casa, pelo computador. De início soube bem, pela novidade, mas depois veio a noção de que este ano não haveria praia, viagem de finalistas, arraial, entre outros momentos. Crescer é difícil. Crescer, às vezes dói. Os ossos e a alma. No primeiro dia de aulas, a 9 de setembro de 2016, caiu-lhe o primeiro dente. Eu não fui trabalhar para o poder ir buscar cedo. Tive imensa vontade de chorar por ver o meu menino indefeso naquele que é o primeiro dia de muitos, de anos. Claro que tudo isto apenas aos meus olhos de mãe muito galinha. A mochila era maior do que ele. Não chegava com os pés ao chão. Tinha apenas cinco anos. Mas este menino que me parecia frágil, não é. É distraído, despistado, passa uma horas por dia em Marte, mas volta sempre. E também ele hoje sentiu que um ciclo chegou ao fim. E acho que a ficha só lhe caiu quando desligou a video-chamada e voltou a ligar com a pergunta: À tard

Desconfinar - 4ª Semana

Confinar, Resguardar, Desconfinar, Apanhar ar, Já está a fartar Que o vírus vá pastar. Continuemos a ter cuidado, Mas que deixe de ser assunto. Voltemos a falar sobre o tempo, Sobre as coisas de sempre. Neste novo normal.

O fim ou o princípio

Durante este fim-de-semana surgiu uma notícia triste, muito triste. A morte de um actor conhecido do grande público. Sendo eu sobrinha de um actor, senti um forte murro no estômago, porque achamos sempre que está tudo bem nos períodos de maior silêncio. E, às vezes pode não estar. Estas coisas acontecem todos os dias mas vão-nos passando ao lado. Até que não. Lamento mesmo muito esta situação por várias razões. Pelo facto de não conseguirmos ver que alguém não está bem, que está triste, que sofre. Não o Pedro Lima em específico, mas os que nos rodeiam. Pela mulher e pelos filhos. Porque me coloco no lugar desta Anna, na mulher e na mãe que ficou sem o seu Amor e na dor que sente. Que ninguém opine ou abutre sobre a vida dos outros. Que todos tomem conta da sua vida e dos seus. Chega e sobra. Que todos sejamos mais atentos e cuidadosos uns com os outros. Pôr fim à vida merece um grande respeito. Para mim é mais coragem do que outra coisa. Tenho para mim que morrer nã

Desconfinar - 3ª Semana

Fomos para o Coentral uma semana para adiantarmos as melhorias na casa. Levei uns casaquinhos, mas devia ter levado polares. Acendemos os aquecedores e esteve frio. Vento e chuva. Deram neve para a Serra da Estrela. Não havendo Santo António os Santos embebedaram-se e fizeram bem. Em tempos fazíamos férias de hotel nesta altura porque é mais em conta. Mas apanhámos tanto frio vários anos que nos deixámos disso. Agora que estamos de volta ao trabalho e ao teletrabalho, o bom tempo está a chegar. A Nôno acha que o Corona Vírus gosta de pizza e que só se vai embora se todos lhe derem pancada. As lojas abriram e há fila para entrar em algumas delas. Está tudo desejoso de voltar à normalidade, mas ainda há muitos novos casos (principalmente em Lisboa) e começamos a facilitar. Demais. Não acredito que a economia volte a fechar. Já ninguém faz stock de papel higiénico e ben-u-ron. Chegaram os meses sem "R" e há caracóis e amêijoas.

Urtiga

Hoje foi dia de aulas e das tarefas escolares. Foi também dia de trabalho. Quando todos terminámos, fomos aproveitar o bom que é estar no campo. Estamos numa aldeia bem pequena, com cerca de vinte habitantes, mas há muito para ver. Lembrei-me da ponte de pedra, uma ponte Romana, com um caminho também ele de pedra. Para eles é uma aventura. Para nós é um consolo. Apanhámos pinhas, ouvimos a água a correr. Este ano é muita e começa a ouvir-se ao longe. Cheirava a hortelã selvagem. Eles vão mexendo e sentido. A dada altura pensei que eram urtigas, mas não eram. Então o Martim disse-me que todas as plantas urticantes deitam uma seiva que pica nas mãos. Perguntei-lhe onde aprendeu isso. Num episódio da Heidi.

Desconfinar - 2ª Semana

Nesta semana foi dia da criança, aquele dia em que se celebram os direitos das crianças e o dia do filho (para mim). Se há dia da mãe, do pai, dos avós, da família, dos irmãos... também há o do filho, as crianças dos seus pais. A Nôno voltou à escola no dia 2, depois do seu dia da criança vivido em pleno. Estava cheia de saudades e diz que quer ir sempre. Foi bom leva-la, voltar ao colégio, embora com um sabor diferente. Falamos com os amigos com alguma distância, não nos cumprimentamos sem ser por palavras. Não bebemos café por lá. Trocam-se os sapatos, os pais não entram, eles almoçam afastados e não podem levar brinquedos de casa ou partilhar comida. São os novos tempos a que temos de nos habituar. Por enquanto. Temos de nos respeitar e respeitar o trabalho uns dos outros. A casa ficou mais silenciosa com os fins do dia de reencontros mais  sentidos. Voltou o futebol com resultados desanimadores. Vem aí uma semana cheia de feriados e uma ponte. O tempo está morno, mas

Cabras

Passamos os fins-de-semana no campo. Na montanha há cabras. Vimos duas delas grávidas. Agora os nossos filhos querem ter cabras. O Martim quer uma branca, de seu nome Branquinha. A Nôno quer uma preta, baptizada de Luísa. Vamos deixá-los sonhar, porque faz bem à saúde.

Desconfinar - 1ª Semana

Esta foi a semana de voltar. Voltar rima com soltar. O Bruno voltou ao trabalho e houve mais silêncio na sala. Menos webinars, bisagras, plantilhas, enchufes e outras palavras espanholas que tenho vindo a aprender. Na terça-feira fui eu trabalhar e levei o Martim. A minha sala é muito grande porque a dividia e, por agora, ainda não tem ninguém. Ele delirou. Sempre que se levantava e voltava para a secretária, dizia que ia para o seu gabinete. Telefonava-me, rodava na cadeira, fez trabalhos e teve aulas. Como estava ali comigo, percebi que eles falam imenso. Querem todos contar coisas... Fomos almoçar juntos com o Bruno num verdadeiro dia de filho único. Por sua vez a Nôno foi para os avós. Levantou-se às seis da manhã sem sono, e vestiu o vestido de que mais gosta. Mas quando a fomos buscar estava com saudades e ficou prometido que também ela irá um dia ao trabalho da mãe. O calor veio em força. Usar máscara custa ainda mais. Custa-me pensar que não haverá arraiais, mas que nã

Tropas especiais

O Martim e a Nôno estão a brincar no quarto. Estão a usar Nerfs e a Nôno ri-se que nem uma perdida. O Martim diz-lhe durante o treino intenso: - Pára Nôno, os tropas não riem! Mal sabe ele.

Quarentena - 10ª Semana

E parece que tudo se está a desconfinar. Esta é a última semana do Bruno em casa. O trabalho volta para o escritório, mas espero que ele venha almoçar a casa  na maioria dos dias. A escola da Nôno está quase a reabrir. O Martim continua com aulas em casa, pelo que precisa ainda de alguém com ele, provavelmente eu, na maioria dos dias. O calor está a chegar. Começa a apetecer comer caracóis e sardinhas. Já não há fila para entrar no supermercado. O combustível deve subir. Continuamos a querer ir para o Coentral aos fins-de-semana. E veremos o que nos espera.

Bodas de Cristal

Dia 21 de Maio de 2005. Há 15 anos atrás, por esta hora, estávamo-nos a casar. Eu tinha 24  e o Bruno 26 anos. Já nem se usa casar com esta idade. Tem sido um caminho de aprendizagens e de evolução, de dias de sol e outros mais nublados, de partilhas e conquistas, de amor e de perdão. O Bruno nunca diz que é para toda a vida, diz sempre que é até ao Natal. E quando chega ao Natal, diz que pode ser até ao próximo. Ninguém é de ninguém e a vida dá muitas voltas. Mas enquanto for bom para os dois que assim perdure... desejando que o seja para sempre. Relembro as palavras do nosso convite com emoção e com a noção do quão são verdadeiras: Amar é correr o maior de todos os riscos. É colocar o nosso futuro e a nossa felicidade nas mão de outrem. É permitirmo-nos confiar sem qualquer reserva, É assim que nos amamos.

Afia

O Martim disse-nos que tinha um pedido muito especial para nos fazer. O Bruno percebeu que era um avião elétrico. Mas afinal é apenas um afia elétrico. Perguntou-me se lhe tinha comprado quando fui ao supermercado. Respondi que não é assim tão fácil de arranjar. - Vou pedir ao Pai Natal ou então de prenda de anos. Parece assunto sério e um desejo para ficar.

Quarentena - 9ª Semana

Fomos ao Coentral no fim-de-semana passado e queremos ir todos aqueles em que der para ir. Soube mesmo bem tratar de uma casa que precisa muito de nós, mudar de ares e estar ao ar livre, despreocupadamente. Rezámos o terço todos juntos e foi arrepiante ver o Santuário de Fátima vazio num 13 de Maio. Estivémos todos lá sem estar, mas é um pouco triste. Fui cortar o cabelo e a Nôno também. Celebrei 17 anos de Força Aérea. Quase a maioridade. Chegou roupa nova para os meninos, o calor é que se foi embora. Continuo a comer os biscoitos que faço e a beber chá antes de dormir. E há uma operação biquini que não está a resultar. Contenta-me o Bruno acreditar e dizer que estou sempre bem. A Nôno vestiu o fato de banho mais do que uma tarde. Mudar de visual ou entreter-se quando já é difícil ter coisas novas para fazer. O Martim está decidido a ensiná-la a ler e a contar. Brincam às escolas, aos exploradores, aos incríveis, às escondidas, aos polícias e investigadores. Quando isto t

Fé em Maria

A noite de 12 para 13 de Maio é muito especial. Acendemos uma vela e o Martim rezou a Avé Maria de olhos fechados. A Nôno aproveitou enquanto ele foi lavar os dentes para ir junto da vela pedir um desejo. Comentou que ficou guardado na luz da vela e que vai para a Maria. E emociona-me ver tanta Fé em meninos tão pequeninos de tamanho.

Média

Hoje de manhã a Nôno estava a ver-me a arranjar-me e quis maquilhar-se. A dada altura pediu-me rimel ao que eu disse que, por enquanto, ainda era melhor não. - Quando fores adolescente, empresto-te. - Quando eu for velhinha? - Não, quando fores um bocadinho mais velha do que o mano. - Ahhh, quando eu for média! Isso.

Quarentena - 8ª Semana

Os dias passam depressa, cada vez mais depressa, quase que se colam uns nos outros. Tem estado sol e calor o que anima e faz crescer. Tenho feito muitas coisas, mas não tanto coisas novas. Pensando nisto, voltei a andar de bicicleta, o que foi muito bom. Estou desejosa de cortar o cabelo e espero ir em breve. Há mais lugares vazios no estacionamento do prédio, sinal de que já há quem esteja a trabalhar fora de casa. Adoro o mês de Maio. E rezo para que isto acabe.

Lulas Cheias

Depois das favas hoje fiz outra iguaria. Lulas cheias. Para os comuns mortais são lulas recheadas. Para nós não! A receita era da avó-da-nês das Quatro-Estradas. Comprei lulas congeladas, mas com frescas é ainda melhor e mirram menos. Mas não tem nada que saber. Numa taça colocamos duas colheres de sopa de arroz (carolino para o bago ser mais pequeno), meio chouriço bem picadinho, os tentáculos das lulas cortadinhos e tomate picado (eu coloquei um bocadinho de polpa daquela com que tem cebola e manjericão, mas devia ser do fresco pelado). Enchem-se com uma colher (mal cheias porque o arroz incha e elas rebentam) e fecham-se com um palito. Fiz isto ontem porque hoje não daria tempo. Num tacho cobre-se o fundo com azeite e deixa-se cozinhar em lume brando. Pode-se salpicar de sal quando estão quase prontas, mas não precisa se o chouriço já for apetitoso. Acompanhei com batatas fritas e salada. E viajei no tempo muitos anos... para o Algarve, para as vezes todas que almocei e

Quarentena - 7ª Semana

Esta semana voou. Ontem era segunda e hoje estamos às portas de um fim-de-semana grande, de calor, mesmo ideal para ficar em casa. A minha mãe fez anos, assim como a professora do Martim, a minha segunda mãe e o meu sobrinho emprestado. Está a chegar o dia da Mãe e eu deveria estar a caminho de Fátima. Vem aí o estado de calamidade. Espero que não nos esqueçamos que este vírus invisível continua por aí. Não fiz tabata nenhuma e pouco saímos. Ainda tenho o álbum de fotografias de 2019 para fazer. Estão a acabar as minha séries favoritas. Encontrei outras novas. Já confeccionei cerca de 100 refeições desde que isto começou, sem contar com os lanches. A Nôno tem a roupa toda pequena. Penso cada vez mais dia a dia. E assim vou.

Pijamas

Durante três dias ao jantar a Nôno limpou a boca à manga do pijama. Pedi-lhe para não fazer isso. Respondeu: - Era só para não sujar o guardanapo! Estava tão limpinho... O pijama também estava.

Trabalhos

- Mamã, amanhã brincamos à barbies? - Sim, podemos brincar de manhã! - O Martim não tem aulas? - Não, é domingo. - Mas eu tenho! - A sério - Sim, mas é rápido, é só fazer um pintinho.

Dez quilos

- Acho que engordei um bocadinho! - comentei eu. - Deixa lá mãe, devem ter sido só uns 10 kg! - ouvi eu. Face à minha cara de perplexidade, reformulou: - Bem, se calhar foi só um quilinho... Vou tentar esquecer esta informação.

Quarentena - 6ª Semana

Estive à beira de um ataque de nervos. Senti-me exausta física e emocionalmente. Deu-me forte e não me passou depressa. Tudo me irritou durante dois dias. Depois passou-me. Tenho o cabelo enorme e a precisar de ser pintado. Tenho a pele das mãos fininha. Tinha o meu trabalho a acumular-se. Odeio trabalhar em casa porque o meu trabalho não é aqui. É para os lados do Lumiar e a casa é um espaço sagrado. Detesto ter de dizer: - A mãe agora não pode! Já tive de o fazer. Os dias passam a voar. E tudo isto vai passar. Há quem esteja mal. Não é o nosso caso. Felizmente. Graças a Deus. É preciso respirar, relativizar e continuar. E se sete é o número mágico, venha de lá essa magia de Quarentena.

Destralhar

Nunca fui muito apegada a coisas. Porque coisas são só coisas. Não sou de acumular, de guardar o que não uso ou não serve. Agora nesta quarentena, de limpezas aos sábados, tenho reorganizado armários, caixas, gavetas. Dar outra disposição torna as coisas mais bonitas. Destralhar descomplica a casa e a mente.