O Eu da Filipa

É preciso pensar no ambiente e sermos mais contidos. O governo pensou no mesmo e adoptou como medida os passes sociais. Uma ideia óptima, porque se o passe é mais barato, uma família que viria de carro (porque o dinheiro de vários passes juntos permitiam vir todos no mesmo carro), passaria a vir toda de transportes. O que parece que aconteceu é que, quem vinha de transportes, agora vem uma vez por outra de carro, com o dinheiro que poupa no passe. Ou seja, sendo esta ou outra teoria qualquer, a verdade é que tem estado imendo trânsito outra vez.

As coisas mudam, ou melhor, vão mudando e não voltam ao que eram. Porque nós também passamos a ser outros. Porque vemos com os mesmos olhos mas de outra maneira. Sentimos outras coisas e atribuímos outra importância. Só o que verdadeiramente interessa fica lá e melhora. Ou torna-se mais importante. Os outros são livres de mudar a sua relação connosco. Não se podem esquecer é que, neste processo, nós também mudamos o que sentimos por eles. Não há nada de mal nisso. Às vezes custa. O problema está no dia em que deixa de custar.

Não gosto de política nem de políticos. Gosto de noites eleitorais. Acho este  mundo sujo e pouco honesto. Ninguém faz o que diz. Não existe, há muito, a palavra de honra. Os partidos do meio são híbridos e os dos extremos colam-se. A ver por esta imagem da campanha, de um partido que se descreve como de esquerda intelectual e pouco a favor da igreja, em 9 pessoas duas estão a rezar o terço! Really??? Querido CDS, ponham o Nuno Melo com uma foice na mão para equilibrar as coisas. Estamos mesmo a precisar de um dia de reflexão.

Ontem à noite o Martim dizia-me: - Mamã, sabes que é normal os pais terem de ser duros com os filhos. Não faz mal nenhum terem de ser firmes, porque é importante para a educação. - É por isso que te obrigo a comer arroz. - Ok, já percebi tudo! - Mas tu achas que eu não sou firme contigo e com a mana? - Acho que és, porque às vezes não nos portamos bem. - E sabes porque é que não o sou mais vezes? - Não! - Porque não é preciso. Vocês portam-se muito bem, na maioria das vezes.

Às vezes uma coisa está agendada e nós pensamos que não vai acontecer. O tempo passa e nada faz mudar a expectativa. Depois há um ligeiro volte-face e até pode mesmo realizar-se. E quando damos conta está tudo marcado. O que vale é que quando vamos para uma coisa com pouco entusiasmo, até acaba por ser muito bom. Outras vezes queremos muito, muito, muito... e é um fiasco. Coisas da vida.

A Nôno adora pintar as unhas. Eu não aprecio particularmente. Então comprei-lhe um verniz que sai com água. Hoje de manhã dizia-me: - Mamã, eu adoro este verniz porque é muito lindo mas não é muito resistente...

  O Martim é super cuidadoso com as suas coisas. A Nôno tem os seus momentos. Ontem levou uma boneca para a escola que deixou no carro, mas depois quis ir buscar. Quando voltávamos para casa, o Martim certificou-se de que não tinha ficado esquecida na escola, e comentou: - Não quero que a minha irmãzinha perca as coisas de que mais gosta... Os diminutivos tornam as palavras doces, numa preocupação que é genuina.

Ontem ao jantar a Nôno pergunta: - Mamã, porque é que demoraste tanto tempo em Fátima? - Porque a mamã foi a pé. Bate com a sua mãozinha na testa e diz: - Mamã... doem-te as pernas? Devias ter ido de carro como nós, porque ias muito mais depressa.