O Eu da Filipa

Estar com os pais todos os dias faz os dias terem outro sabor. O Martim gostou tanto do campo, que três semanas voaram. Fizemos uma paragem técnica para mudar de malas e ao chegar a Lisboa disse à Nôno: - Lisboa não é a mesma coisa sem nós!!! Hoje no Algarve comentou que queria ficar no Algarve para sempre. Agosto já passa de meio. Mas há ainda muitos dias até 4 de setembro. Dar férias à rotina dá anos de vida! E os mergulhos de grupo também.

Hoje vou ter com a minha família. Começam as minhas férias grandes. Tenho o coração a rebentar de saudades. Que a CP me leve até Bebeedorme a todo o vapor.

Quando era criança tinha tudo e um par de botas. Agora também não é muito diferente, felizmente. E embora seja de destralhar e deitar fora o que não faz falta, guardei os meus melhores brinquedos, todas as coisas das barbies e as melhores bonecas. Fui ao sótão buscar uma ou duas coisas. A Nôno ficou tão feliz que domingo acordou às seis da manhã para brincar. E não foi sozinha.

Tenho a família toda de férias na Lousã. Ontem vim para Lisboa de comboio. Sem bagagem nenhuma. Apanhei o metro e entrei em casa. Tudo fechado e silêncio absoluto. Até parece que há um certo zumbido. Comer sozinha, acordar sozinha, não ter ninguém com quem falar sem ser por telefone. Espera-me uma semana de trabalho. Tenho tempo para o que quiser. E o coração do tamanho de um caroço de cereja. Quando chegar sexta-feira até julgo que é mentira.

Em 2017 estivemos em risco de seca extrema. O planeta está a aquecer e não chovia. Conclusão, rezámos sem parar e foi um Inverno daqueles! Choveu tanto que as barragens fizeram descargas e as albufeiras não estavam tão cheias há muito tempo... Veio o verão de 2018, chocho, muito murcho, calor ameno. Barrigadas de frio e casaquinho sempre atrás. Voltámos a rezar ao São Pedro e a Santa Rita das causas impossíveis. Conclusão, o país todo com 40 graus. Acho que os Portugueses não podem rezar tanto. Somos mesmo bons em tudo o que fazemos.

No fim-de-semana passado fomos preparar a casa para as férias. Fomos passear pelas levadas, fazer corridas de folhas, atirar pedrinhas à água. Depois do almoço de domingo o Martim disse que queria ficar em casa dos avós. Que ia ser uma grande aventura. Assim do nada. Claro que dissemos que sim. Ficámos todos espantados. A Nôno não quis ficar, mas definhou de saudades. Uma semana sem entrar no quarto do irmão. Teve febre, parecia triste. Confesso que senti que as rotinas eram todas rápidas e que nos faltava qualquer coisa. Mas ele estava bem, feliz e a aproveitar, muito mais do que em Lisboa. Hoje estamos juntos outra vez. E os reencontros são do melhor que há, contrariamente ás despedidas.