O Eu da Filipa

- Como é que está o estudo para amanhã? - pergunto eu. - Estou praticamente preparado, há só uma data ou outra que ainda está um bocado amarela! - responde o Martim. - Estudas mais um bocadinho depois do jantar e vais ver que ficam cor-de-rosa! - aconselha a miss Nôno.

 A Nôno estava a beber uma água das pedras, uma das suas bebidas favoritas. - Mamã, também queres? - Só um golinho, porque eu vou beber  um chá! - Um chá? - Tu não sabes que eu adoro? - Claro que sei, eu conheço-te!

Morreu uma actriz portuguesa muito conhecida e estimada pelo grande público. No mês de Maria e num dia de particular fé. E assim nos deparamos com a vida a surpreendernos e a mudar tudo de repente. E nestas horas pensamos que não somos nada e que temos que valorizar o que é importante. Mas depois um carro buzina, outro não nos dá passagem, vemos celulite no rabo e os míudos deixam cair esparguete com molho de tomate no chão... e acaba-se a perspectiva. Voltamos a valorizar as pequeninas coisas e a ficar agarrados a elas. Não sei quantos sustos serão necessários, lições de vida ou pandemias. A lição é sempre a mesma e nós temos duas opções. Chumbar outra vez à disciplina ou fazer melhoria de nota.

Numa conversa sobre animais... - Mãe, qual é o animal de que mais gostas? - O elefante. - respondi ainda sugestionada com o filme Natal em África da Netflix. - Mas o elefante não tem nada a ver contigo! - E qual é o animal que achas que tem a ver comigo? - A cabra black, ou a gazela. Também pode ser a chita. A chita tem mesmo a ver contigo. - E qual é que tem a ver contigo? - Claro que é a foca! E a conversa ficou por aqui. Fico cheia de esperaça que ele me acha rápida. Mas foi um assunto que não explorei mais. Ainda estou a pensar na cabra back e não consigo deixar de me rir muito.

  O dia da Mãe são todos os dias assim como Natal é quando um Homem quiser. O dia dos namorados foi dia 14 de fevereiro e todos desde então, mas há datas comemorativas, não só para estimular a economia, mas para nos lembrarmos de dizer, de fazer e de estar. Geram um certo frenesim, ouvem-se ensaios de músicas cantadas com discrição, os risinhos de quem tem uma coisa para contar mas que é segredo, preparativos e surpresas que intensificam o amor. E isso torna estes dias muito doces. Adorava estar a chegar a Fátima e saber que a minha família estava a chegar para me ir buscar. Adorava sem nenhum Mas...