Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2020

Palha

Hoje fiz um peixe gratinado com legumes e batata palha. A Nôno sempre comeu tudo e com apetite mas agora está a mudar. É mais seletiva, come o que lhe dão mas não gosta de tudo. Enrola e come menos. Hoje foi um desses dias. Cá em casa não há discos pedidos. Quando gostam mais comem mais. Quando gostam menos comem menos. Mas ninguém come obrigado e quando não querem mais não há stress. Face à sua cara, perguntei: - Não queres mais? - Não! Eu não gosto de palha... Eu também não.

Férias grandes

O Martim está no 4º ano, o fim da primária. Desde a Páscoa que as aulas são em casa, pelo computador. De início soube bem, pela novidade, mas depois veio a noção de que este ano não haveria praia, viagem de finalistas, arraial, entre outros momentos. Crescer é difícil. Crescer, às vezes dói. Os ossos e a alma. No primeiro dia de aulas, a 9 de setembro de 2016, caiu-lhe o primeiro dente. Eu não fui trabalhar para o poder ir buscar cedo. Tive imensa vontade de chorar por ver o meu menino indefeso naquele que é o primeiro dia de muitos, de anos. Claro que tudo isto apenas aos meus olhos de mãe muito galinha. A mochila era maior do que ele. Não chegava com os pés ao chão. Tinha apenas cinco anos. Mas este menino que me parecia frágil, não é. É distraído, despistado, passa umas horas por dia em Marte, mas volta sempre. E também ele hoje sentiu que um ciclo chegou ao fim. E acho que a ficha só lhe caiu quando desligou a video-chamada e voltou a ligar com a pergunta: À tar

Desconfinar - 4ª Semana

Confinar, Resguardar, Desconfinar, Apanhar ar, Já está a fartar Que o vírus vá pastar. Continuemos a ter cuidado, Mas que deixe de ser assunto. Voltemos a falar sobre o tempo, Sobre as coisas de sempre. Neste novo normal.

O fim ou o princípio

Durante este fim-de-semana surgiu uma notícia triste, muito triste. A morte de um actor conhecido do grande público. Sendo eu sobrinha de um actor, senti um forte murro no estômago, porque achamos sempre que está tudo bem nos períodos de maior silêncio. E, às vezes pode não estar. Estas coisas acontecem todos os dias mas vão-nos passando ao lado. Até que não. Lamento mesmo muito esta situação por várias razões. Pelo facto de não conseguirmos ver que alguém não está bem, que está triste, que sofre. Não o Pedro Lima em específico, mas os que nos rodeiam. Pela mulher e pelos filhos. Porque me coloco no lugar desta Anna, na mulher e na mãe que ficou sem o seu Amor e na dor que sente. Que ninguém opine ou abutre sobre a vida dos outros. Que todos tomem conta da sua vida e dos seus. Chega e sobra. Que todos sejamos mais atentos e cuidadosos uns com os outros. Pôr fim à vida merece um grande respeito. Para mim é mais coragem do que outra coisa. Tenho para mim que morrer nã

Desconfinar - 3ª Semana

Fomos para o Coentral uma semana para adiantarmos as melhorias na casa. Levei uns casaquinhos, mas devia ter levado polares. Acendemos os aquecedores e esteve frio. Vento e chuva. Deram neve para a Serra da Estrela. Não havendo Santo António os Santos embebedaram-se e fizeram bem. Em tempos fazíamos férias de hotel nesta altura porque é mais em conta. Mas apanhámos tanto frio vários anos que nos deixámos disso. Agora que estamos de volta ao trabalho e ao teletrabalho, o bom tempo está a chegar. A Nôno acha que o Corona Vírus gosta de pizza e que só se vai embora se todos lhe derem pancada. As lojas abriram e há fila para entrar em algumas delas. Está tudo desejoso de voltar à normalidade, mas ainda há muitos novos casos (principalmente em Lisboa) e começamos a facilitar. Demais. Não acredito que a economia volte a fechar. Já ninguém faz stock de papel higiénico e ben-u-ron. Chegaram os meses sem "R" e há caracóis e amêijoas.

Urtiga

Hoje foi dia de aulas e das tarefas escolares. Foi também dia de trabalho. Quando todos terminámos, fomos aproveitar o bom que é estar no campo. Estamos numa aldeia bem pequena, com cerca de vinte habitantes, mas há muito para ver. Lembrei-me da ponte de pedra, uma ponte Romana, com um caminho também ele de pedra. Para eles é uma aventura. Para nós é um consolo. Apanhámos pinhas, ouvimos a água a correr. Este ano é muita e começa a ouvir-se ao longe. Cheirava a hortelã selvagem. Eles vão mexendo e sentido. A dada altura pensei que eram urtigas, mas não eram. Então o Martim disse-me que todas as plantas urticantes deitam uma seiva que pica nas mãos. Perguntei-lhe onde aprendeu isso. Num episódio da Heidi.

Desconfinar - 2ª Semana

Nesta semana foi dia da criança, aquele dia em que se celebram os direitos das crianças e o dia do filho (para mim). Se há dia da mãe, do pai, dos avós, da família, dos irmãos... também há o do filho, as crianças dos seus pais. A Nôno voltou à escola no dia 2, depois do seu dia da criança vivido em pleno. Estava cheia de saudades e diz que quer ir sempre. Foi bom leva-la, voltar ao colégio, embora com um sabor diferente. Falamos com os amigos com alguma distância, não nos cumprimentamos sem ser por palavras. Não bebemos café por lá. Trocam-se os sapatos, os pais não entram, eles almoçam afastados e não podem levar brinquedos de casa ou partilhar comida. São os novos tempos a que temos de nos habituar. Por enquanto. Temos de nos respeitar e respeitar o trabalho uns dos outros. A casa ficou mais silenciosa com os fins do dia de reencontros mais  sentidos. Voltou o futebol com resultados desanimadores. Vem aí uma semana cheia de feriados e uma ponte. O tempo está morno, mas