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Pitosga sortuda

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Fui à revisão dos meus olhos, míopes mas arranjados, no Hospital da Ordem Terceira.
Ir para a baixa permite beber café e comer um pastel de nata na Benard, que é coisa mesmo boa.
O Centro da cidade está ou rubro, remodelado e cheio. Mesmo indo muito cedo, liguei o gps, porque o Wase é um bom amigo.
E no caminho de volta ao trabalho pensava na sorte que tenho em não trabalhar num sítio assim, com trânsito e difícil de estacionar. Tal facto permite-me levar os meus queridos filhos à escola, estacionar à porta, e sair a tempo de os ir buscar.
Há vidas difíceis. E ir ao oftalmonigista também permite ver isso.

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Já não tenho Pai

Há coisas na vida que estão certas. Que sabemos que vão acontecer. Um dia, bastante longe no tempo. Mas o tempo passa e aperta e esse dia chega quando menos queremos. Agora já não tenho Pai. Pelo menos por agora. Ficar órfão é perder uma parte de nós, da nossa identidade e da nossa história. É não ter o colo, o porto de abrigo seguro, o mimo. Perder uma palavra honesta e um conselho sábio. O nosso coração fica mirrado, apertado, a cabeça dói e o estômago arde. Terei de passar a viver das recordações, da gratidão e da memória. Na esperança de que, um dia, se torne menos difícil. E isto não significa que não tenha outros amores, mãe, marido e filhos. Significa apenas que fiquei incompleta. Não sei se para sempre, mas por agora. Até um dia.

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Cana rachada

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