A lua subiu ao céu quente, a sua água escorre-me agora pelo corpo. Lavo nela as minhas mãos e é como se me purificasse num tempo anterior à vida, num luminoso halo de coisas por nascerem. Súbito, neste silêncio mineral, a porta da sala range e o vulto de minha mulher, o seu corpo franzino, esfuma-se na sombra. Senta-se ao meu lado, estende os pés ao luar sem dizer nada: ao fim de muitos anos aprendemos a verdade, na aparição da graça, num limiar de presença, antes que sobre a Terra fosse pronunciada a primeira palavra. Tomo as suas mãos nas minhas e no deslumbramento da noite abre-se, angustiada, a flor da comunhão…
Virgílio Ferreira
Todos os dias nos ensinam coisas, só precisamos de alguma seredidade para as conseguirmos captar e aprender.
Hoje a Nôno teve teste. A caminho de casa disse: - O teste correu-me bem. Achei fácil. - Ainda bem, é sinal de que estavas preparada. - Até fui a segunda a terminar. - Não sei se isso é bom... - Fica descansada, usei a minha cabeça toda! - Então óptimo! - Mas não foi a cabeça. que fez o teste. Foi a mão...

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