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Mensagens

Algoritmo: o que é me queres dizer?

 Nos últimos tempos aparecem-me sugestões novas nas redes sociais. Até aqui, eram restaurantes, viagens, roupas... Agora só surgem recomendações de: pilates na paredes, treinos faciais para tirar a papada, marmitas e produtos que não posso perder do mercadona. O que será que ele me quer dizer?

Já não tenho Pai

Há coisas na vida que estão certas. Que sabemos que vão acontecer. Um dia, bastante longe no tempo. Mas o tempo passa e aperta e esse dia chega quando menos queremos. Agora já não tenho Pai. Pelo menos por agora. Ficar órfão é perder uma parte de nós, da nossa identidade e da nossa história. É não ter o colo, o porto de abrigo seguro, o mimo. Perder uma palavra honesta e um conselho sábio. O nosso coração fica mirrado, apertado, a cabeça dói e o estômago arde. Terei de passar a viver das recordações, da gratidão e da memória. Na esperança de que, um dia, se torne menos difícil. E isto não significa que não tenha outros amores, mãe, marido e filhos. Significa apenas que fiquei incompleta. Não sei se para sempre, mas por agora. Até um dia.

O moreno e a branquinha

  O Martim está no seu terceiro dia de praia e tem já uma cor invejável. A Nôno tem uma semana completa e nem se nota a marca do fato de banho. Mas há uma explicação óbvia, segundo ela: - Eu corro muito e o sol não me apanha!

Coisas que me inquietam

Quando chove as pessoas usam guarda-chuva. Precisamente porque está a chover e não se querem molhar. Acontece que, a maioria delas, segura o cabo do chapéu à frente do seu rosto (em vez de encostado ao ombro), pelo que ficam muito pouco tapadas. Na verdade, 50% do espaço, não é usado por ninguém! Pronto, é isso. Uma coisa que me inquieta. Mas há mais, muitas mais.

Worten a conseguir

Estamos a quatro meses do aniversário da Nôno, pelo que, para ela, estamos em contagem decrescente. Hoje dizia que já tem três temas para a sua festa: o stitch, a vampirina e outro que nem sei reproduzir. - Não sei se será fácil arranjar a decoração da vampirinha, pratos, guardanapos... - comentei. - Se não encontrares, vamos à Worten - afirmou. - Porquê à Worten? - lancei a questão. - Porque tem tudo! - constatou com descontração.

Conversas matinais

  No carro a caminho da escola, a Nôno diz: - A minha melhor amiga terminou com o namorado. - Não se diz terminou, diz-se que acabaram! - comenta o Martim. - Ele respondeu-lhe que vai escolher outra namorada. - diz a Nôno. - Faz bem!  Ela se calhar também começou a gostar de outra pessoa. - afirmei. - Não mãe, ela so quer seguir com a sua vida. - retorquiu a Nôno. Tendo em conta que não veem novelas, já sabem umas quantas coisas...

Óleo de banho em espuma

   No Natal recebi um calendário do advento da Rituals. Sou uma pessoa cheia de sorte, confere. Para além de ser bom abrir um presente por dia, há muitos produtos que não experimentaria de outra forma. Um deles, tornou-se num grande sucesso para toda a família: um óleo de banho em espuma. Parece a textura daquela espuma que se coloca no cabelo, pelo que não escorre, o frasco não fica pegajoso, facilita os dias em que temos mais pressa, porque os miúdos o aplicam sózinhos, hidrata mesmo e cheira mesmo bem.  Acreditem que vale os 12,90€ e dura muito tempo, porque não vai metade pelo ralo.

Lado britânico

  Ontem ao jantar o Martim comentou que tinha comprado um pacote de batatas frita na máquina, para acompanhar o almoço. Foi então que perguntei, o que foi o almoço. Disse que peixe. Comentei: - Batatas com peixe! Respostas: - Foi o meu lado britânico a falar. Estava uma delícia!

Vinagre na roupa

No outro dia fui com uma colega de trabalho ao supermercado. Ela comprou três garrafas de viagre de limpeza, o que me surpreendeu, por ser um produto que não uso, e por ser em tanta quantidade. Sei que é muito usado para limpar a cozinha ou o frigorífico, mas ela também não tem um restaurante. Foi então que me disse que junta ao detergente da roupa antes de ligar a máquina. E o resultado é que, tendo de estender dentro de casa em dias de chuva, ou na varanda em dias mais húmidos, a roupa não fica a cheirar a humidade. E não é que resulta mesmo?!!! Experimentem.

Que não seja proibido, apenas que não seja importante.

  Ontem foi domingo, dia da família. Todos os dias o são, mas o domingo tem um sabor especial. Fomos almoçar fora. Ainda que os miúdos estejam meio adoentados, sabe sempre bem fazer uma refeição fora. E enquanto falávamos e comíamos pão com manteiga e azeitonas, chegou uma avó com o neto. Sentaram-se. E desde esse momento que a criança pegou no seu telefone que já ia naquelas capas que têm um fio para pendurar ao pescoço... Esteve o tempo todo a jogar. Chegou o almoço e passou a ver vídeos. Quando terminou, voltou a jogar. E aquela avó, que levou o neto a almoçar, a comer frango com batatas fritas e a beber coca-cola, esteve o tempo todo sozinha... Apenas lhe disse, a dada altura: - Vai comendo, filho! Não falou com ninguém e não esteve com o seu neto, mesmo estando. Não permitam que estejam sós, mesmo acompanhados. Não deixem de ter nada para dizer. Não imponham a regra de que é proibido à mesa. Apenas não deixem que haja esse espaço e que um telefone ganhe a importância que não t...

Comida voadora

A Nôno, no seu registo habitual, deixa sempre cair comida para o chão, durante as refeições. Em tom de brincadeira, dizemos-lhe que a comida que lhe cai é  da Força Aérea. Numa das últimas vezes, caiu alface e cenoura. O Martim diz-lhe: - Já não bastava uma alface da Força Aérea, também temos uma cenoura da Marinha, que mais parece um navio a patrulhar! Risada geral.

Radical

- Mamã, não me lembro bem do nome das minhas bisavós... - Chamavam-se Emília e Irene. - Prefiro Irene, é mais radical. E eram mesmo, as duas, muito à frente do seu tempo...

Rabo mole

- Mamã, o teu rabo está mole. - Tens razão, não tenho feito muito exercício! - Não te queria dizer isto, mas está uma papa! E pronto, o confronto com a dura, ou melhor, mole realidade. 

Idosos

- Eu gosto de idosos. - dizia ontem o Martim. - Os jovens da tua idade não costumam gostar muito de pessoas muito mais velhas. - respondi. - Eu sei, eles às vezes são um bocadinho teimosos e até podem chegar a ser chatos mas, na sua maioria, são amáveis e eu admiro muito isso neles. E eu admiro tanto isso em ti.

Para lá da sopa

Na semana passada fiz uma sopa que ficou cheia de fios. Com os legumes habituais e sem alho francês. Penso que pode ter sido da cougete, mas não há uma explicação óbvia. Cá em casa todos adoramos sopa, pelo que ficámos um bocadinho decepcionados. Mas veio logo um enorme reforço positivo. O Martim disse,  - Não fal mal, passamos pelo passador! A Nôno disse: - Até nos restaurantes de cinco estrelas se enganam, por isso não faz mal. E assim se levanta a autoconfiança num abrir e fechar de olhos.

Pele de galinha

A Nôno quis ficar a brincar na banheira depois do banho. Ficou lá mais tempo do que a conta. Quando saiu disse: - A minha pele até ficou em canja.

A guerra pelos olhos das crianças

Estavamos a jantar, mas a televisão estava ligada no telejornal. Mostraram as imagens de um bombardeamento e a Nôno ficou mesmo dmirada. E comentou: - O que era aquilo? São bombas? - Sim. - respondemos. - São mesmo estúpidos. Já têm um país tão grande, para que é que querem mais? - perguntou - Por ganância... - disse o Martim E esta é uma doença. Não só a da ganânci, mas a da desumanidade. E todos o sentimos.

Preguicite aguda

Às vezes a Nôno tem alguma preguiça, principalmente depois da escola. Custa-lhe a arrumar o quarto, a acabar de comer sozinha um prato que não a inspira tanto, ou até pede para ir para a cama às cavalitas. - Como a minha professora diz, estou com preguicite aguda. Ao que o Martim responde: - Sabes que isso é uma doença, não sabes? Como eu gostava que fosse uma doença assintomática...

Pássaros na cebeça

Durante o fim-de-semana a Nôno queixou-se de dores de cabeça. Pediu para tomar charope quando chegasse a casa, com o argumento: - Tenho pássaros na minha cabeça!

Começou uma guerra

Começou uma guerra há oito horas. Não nos faltava mais nada, pensando assim de repente. Já morreram mais de 40 soldados ucranianos. Imagino Portugal numa situação similar. Se nuestros hermanos decidissem ficar com Elvas. Jurei defender o meu país, mesmo com o sacrifício da própria vida. Não o disse da boca para fora. Foi um juramento sentido e verdadeiro. Mas gostava que nunca fosse preciso por um disparate assim. Admiro a coluna vertebral deste país pequeno que está a defender o que lhe pertence. E que isto acabe depressa, mais depressa do que o Covid.